sábado, 31 de julho de 2010

Ischia

Dia 5: Sant'Anna

Chegada a hora de embarcar,a TUIST garantiu lugar num enorme barco de carga que rumou à desconhecida ilha de Ischia. Depois de ar e terra, a digressão continuava agora pelo mar mediterrâneo.

A viagem foi bastante tranquila e ofereceu a oportunidade de admirar a maravilhosa paisagem à medida que nos afastávamos da costa italiana. Era ainda possível avistar diversas ilhas deste pequeno arquipélago napolitano.

Um dos grandes motivos que levou a TUIST a fazer questão de marcar presença nesta ilha foi o facto de ter conhecimento da realização da 76°edição da grande festa religiosa anual da ilha, a festa de Sant'Anna.

As expectativas eram altas e a vontade de poder marcar uma forte presença neste evento ainda maior.

Na chegada, depois de uma habitual discussão sobre o que fazer com as malas e os instrumentos, dado o nosso alojamento se encontrar no lado oposto da ilha, eis que os excelentíssimos marinheiros da nossa embarcação fazem o obséquio de nos refrescar as ideias acelerando o barco e alagando violentamente todos os nossos pertences.
Para os mais supersticiosos este acontecimento poderá, no entanto, ter sido visto como uma benção ou um bom presságio dado o sucesso da presença da Tuna nesta bonita ilha nos dias que se seguiriam...

Quando nos aproximávamos do centro da vila, surgiu o sentimento de que esta festa não só correspondia às altas expectativas como inclusivamente as ultrapassava.

O ambiente de vila italiana era completamente diferente de tudo o que já tinhamos visto. As casas e as pessoas, as ruas, os restaurantes, tudo se destacava por um toque especialmente mediterrânico.

A festa enchia completamente as ruas e até o mar com dezenas ou mesmo centenas de barcos com pessoas que assistiam junto à costa ao monumental espectáculo pirotécnico que tinha lugar no castelo.

A TUIST assistiu ao maravilhoso fogo de artificio numa pequena praia onde repentinamente toda a gente começou a tomar banho...momento digno do top de grandes momentos desta nossa digressão.

A festa continuou pelas ruas com a TUIST a encantar nesta ilha que tão bem a estava a receber.

Assim surge mais um momento verdadeiramente épico: ao tocar em frente a um dos muitos bares, a Tuna foi convidada a permanecer no local e incentivada pela oferta de várias garrafas de champagne. Mais tarde tivemos conhecimento, de que o dono do bar, então já nosso grande amigo, "Signore" Mário era policia nos tempos livres. O bar dele não fechava portanto...mesmo quando todos os outros eram obrigados a encerrar.

Reparámos ainda que toda a gente ali tinha um bom aspecto verdadeiramente "diferente"...foi então que nos confirmaram que existia realmente por ali bastante ligação com os outros...os tais outros!

Decidimos assim, por bem, garantir o sucesso desta recente relação e acabámos por ir dormir já o sol raiava....

O grupo manteve-se coeso até a dormir uma vez que o hostel disponibilizava grandes quartos com cerca de dez a quinze camas, o que nos obrigou a partilha-los com totais desconhecidos. Notar que isso não foi necessariamente mau! Digno de nota o facto de termos dormido com duas raparigas holandesas bastante bem parecidas...mas também com um senegalês de dois metros e tal (de altura).

Após algumas horas de sono, foi altura da primeira visita à praia!

Chegados ao areal sedentos de um banho refrescante, deparando-nos com a paisagem, há apenas uma coisa que podemos dizer: aquilo é o que nós merecemos, malta!

A tarde foi assim passada junto às águas quentes do mediterrâneo.

O jantar teve lugar num pequeno restaurante familiar, onde pudemos degustar uma série de saborosos e típicos pratos italianos entre os quais se destaca a pasta fresca ali servida. De notar ainda a particularidade da condução nesta ilha consistir numa verdadeira prova de perícia. Fomos levados ao restaurante pelo proprietário do hostel que transportou cerca de dez pessoas numa carrinha de cinco lugares, que conseguiu riscar três vezes numa viagem que durou pouco mais de dois minutos (MEDO!).

A noite acabou na praia onde se viveu uma noite verdadeiramente saudosista, especialmente vivida pelo nosso camarada Magister.









Dia 6 – O Orchebien Esfoliante

O dia começou pela hora de almoço com a ida a uma das mais importantes e conhecidas atracções turísticas da ilha, uma pequena praia termal localizada junto a uma bonita encosta escarpada de onde a água brotava a uma temperatura de cerca de 90º Celsius.

O solo do local era bastante rochoso tornando difícil a deslocação do grupo e provocando cortes nos pés e mãos daqueles que se aventuraram nestas águas cristalinas.

A água ganhava rapidamente uma profundidade de cerca de 4 metros sob os nossos pés pelo que só alguns se aventuraram para além da costa…e apesar da beleza natural do local o Abaoui teve medo.

Importante neste dia destacar o aparecimento do conceito de “Orchebien”, tendo o mesmo sido inspirado num nativo bastante típico que pincelava gentilmente, a troco de alguns euros, argila termal no corpo nu daqueles que frequentavam o local. Como seria de esperar, vários elementos da TUIST fizeram questão de ser pincelados conseguindo obter uma pele mais suave e delicada.

Quando a fome apertou, dado o elevado custo das refeições nesse local, deslocámo-nos a Sant’ Angelo, um dos mais emblemáticos locais da ilha. Nesta pequena deslocação recorremos a um meio de transporte bastante peculiar: uma lambreta de 6 lugares cuja velocidade máxima rondava os 10 Km/h.

Após ter retornado ao hostel e ter tomado um merecido banho, trajados partimos rumo à zona do porto de Ischia com o objectivo de realizar algumas actuações de rua e jantar. As actuações decorreram de forma efusiva possibilitando o total financiamento do jantar realizado num restaurante local.

O sucesso foi tal que facilmente convencemos as autoridades locais a nos permitirem realizar diversas actuações sem a utilização de uma licença. Destacam-se assim grandes momentos de carácter musical, quer durante o jantar, quer durante as actuações que a ele se seguiram. Rapidamente se reuniram em nosso redor dezenas de pessoas que tivemos oportunidade de presentear com diversas músicas pertencentes ao cancioneiro tradicional italiano, entre as quais o tema napolitano "Core n’Grato", "Sole Mio" e "Funiculli Funiculla".

Após o jantar foi hora de regressar ao bar do nosso recente melhor amigo, o “Signore” Mário, onde descobrimos uma nova e revolucionária bebida que consiste nada mais nada menos na fusão de vodka com granizado de limão, tendo a noite terminado perto das 4 da manhã.







Dia 7 – O Caminho de Deus

A despedida da maravilhosa ilha de Ischia não poderia deixar de ter lugar na praia.

Regressámos por isso ao areal que tão bem nos recebeu no primeiro dia da estadia neste local. Mal podíamos adivinhar o quão única se viria a tornar esta tarde…

Chegados à praia pela hora de almoço fomos abordados por um grupo profunda e religiosamente cristão que se preparava para dar início a uma festa de evangelização e divulgação da palavra de Deus de uma forma algo alternativa…

Assim, ao ritmo latino de Shakira e outras artistas indubitavelmente religiosas, a TUIST embarcou numa pequena embarcação onde deu início a um verdadeiro espectáculo de dança algo exótico que chegou a merecer inúmeros elogios por parte dos animadores da festa.

Após um dia de praia repleto de grandes e ritmados momentos partimos com destino a um merecido jantar no restaurante descoberto na noite anterior. Aí, mesmo sem realizar qualquer actuação e apenas com algumas músicas foi possível vender diversos CD’s, divulgando assim a nossa música neste remoto lugar perdido no mediterrâneo.

Finalizado o jantar actuámos junto à marina onde, para além da enorme receptividade do público, conseguimos ainda ser presenteados com inúmeras pizzas cedidas por um restaurante local.

A noite continuou com a despedida do bar do nosso amigo Mário (Il Barreto) onde se fazia ouvir já diariamente, e durante várias horas, a maquete que gentilmente oferecemos aquando da nossa primeira actuação no local.

Daí partimos para Forio onde durante um banho nocturno fomos assaltados, tendo sido roubado o traje do caloiro Jonas. Felizmente, após uma conversa moderadamente explosiva com um pequeno grupo de nativos, foi possível recuperar o traje sem qualquer dano maior (para os nativos, claro!).

Depois disso, com um sentimento de justiça reforçado, a TUIST regressou ao hostel.

Na manhã seguinte foi hora de nos despedirmos deste maravilhoso local partindo com direcção a uma das mais espectaculares cidades do norte de Itália, Florença…


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